Desde muito cedo, percebi que um olhar diz muito mais que as palavras.
Cresci sob olhares que não precisavam de palavras para demonstrar reprovação, desagrado ou para impor limites: sem gritos nem pancadas; apenas um olhar e pronto: já entendi!
Deve ser por isso que, para mim, o olhar decide. E é assim, em várias situações da vida.
Como quando se trata de entender ou me fazer entender pelo outro, num relacionamento amoroso, por exemplo.
Uma paixão começou assim: uma troca de olhares e poucas palavras. Durante horas, parecíamos em estado de contemplação – aquela bobeira que só acontece com quem está apaixonado -, cada um lendo o pensamento do outro na pupila que se dilatava até quase esconder a cor dos olhos, como um eclipse total do sol.
Nenhum dos dois procurava palavras bonitas, excitantes ou lisonjeiras para dizer. Estava tudo ali, escancarado em cada olhar. O entendimento foi consequência; nasceu da sintonia.
Para a percepção do olhar do outro, não precisamos ir tão longe, basta estarmos atentos. Os olhos não usam palavras, transmitem sentimentos. Temos de saber traduzi-los.
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